Em meados de 2016, estava eu e um amigo Marcos Dantas, finalizando um ciclo, que era o fim da graduação do curso de Engenharia Civil na UFSJ, escolhemos o tema do Trabalho de Conclusão de Curso, sobre as Barragens de Rejeitos no Brasil, visto que estávamos perplexos diante do acontecido em Novembro de 2015, o trabalho se trata de uma revisão bibliográfica sobre o tema, em que buscamos mostrar, além dos acidentes em barragens de rejeitos, os seus métodos construtivos, o comportamento geotécnico dos rejeitos, os componentes de operação, monitoramento e desativação das barragens, a Lei Federal de Segurança de Barragens, entre outros assuntos pertinentes, vale a pena a leitura para quem se interessou pelo tema, infelizmente, assim como nós no fatídico acidente de Mariana.
A primeira imagem apresenta os métodos construtivos de Barragens de Rejeito por alteamentos sucessivos, que se resumem em três formas clássicas, o método a montante, linha de centro e jusante. O método de alteamento de ambas as barragens que romperam recentemente, em Mariana e Brumadinho utilizavam o método de alteamento a montante.
O método de montante é o mais antigo, simples e econômico modelo de construção de barragens. A etapa inicial na execução deste tipo de barragem consiste na construção de um dique de partida, normalmente de material argiloso ou enrocamento compactado. Após realizada esta etapa, o rejeito é lançado por canhões em direção a montante da linha de simetria do dique, formando assim a praia de deposição, que se tornará a fundação e eventualmente fornecerá material de construção para o próximo alteamento. Este processo continua sucessivamente até que a cota final prevista em projeto seja atingida (ARAUJO, 2006).
Embora seja o mais utilizado pela maioria das mineradoras, o método de montante apresenta um baixo controle construtivo, tornando-se crítico principalmente em relação à segurança. Com os recentes acontecimentos é fato inegável que a confiança neste tipo construtivo reduziu, e deve passar a ser tratado como obsoleto.
Ainda em meio à turbulência do rompimento, a Vale anunciou que vai gastar R$ 5 bilhões para acabar com barragens de rejeitos com o método construtivo de montante. A empresa possui 19 barragens a montante e 9 delas já foram descomissionadas.
O conjunto desse medidas que abrangem os momentos posteriores a utilização de uma barragem de rejeitos são: o final da operação, o descomissionamento da barragem, a reabilitação e o monitoramento da área, garantindo assim o sucesso do fechamento, a segunda imagem mostra uma barragem descomissionada.
Outra falha ocorrida que foi crucial para o grande número de vítimas foi o não acionamento do sistema de alerta sonoro, todos os sobreviventes relataram que não ouviram sinal algum. A vale alega no primeiro momento que as sirenes não foram acionadas devido a ‘Velocidade’ do deslizamento, argumento grotesco, um erro que poderia ter salvado vidas e que é amparado por lei.
Uma lei estadual sancionada em 2016 pelo governo de Minas Gerais estabelece que, em caso de atividade que possa colocar vidas humanas em grave risco, o licenciamento ambiental deve conter um Plano de Ação de Emergência que inclua um "sistema de alerta sonoro ou outra solução tecnológica de maior eficiência".
Cinco pessoas já foram presas suspeitas de responsabilidade na tragédia da barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG). Dois engenheiros da empresa TÜV SÜD que prestavam serviço para a mineradora Vale foram presos em São Paulo. Em Minas, foram presos três funcionários da Vale. A suspeita é de fraude nos laudos que atestavam a segurança.
A última imagem mostra uma tabela extraída do trabalho de conclusão que é referente aos acidentes ocorridos no Brasil semelhantes a este desde 1970, causando mortes e contaminação nos municípios onde estão situados e nas bacias por onde passam.
Link para download do Trabalho de conclusão: Clique aqui
Comments